sábado, 31 de janeiro de 2009

Das consequências de abolir as ressalvas

O projeto que motiva este blog é bastante objetivo: fazer uma viagem de volta ao mundo com 365 dias de duração iniciada no primeiro dia de 2010. Apesar de toda a incerteza quanto à viabilidade econômica da empreitada, descobri, de forma empírica, que teria que viver o presente como um futuro real, em um dia a dia pautado pela data fatídica de minha partida.
Vivo dentro de uma espécie de futuro do pretérito sem condicional, onde tive que abolir toda e qualquer ressalva quanto à concretização deste projeto, sob pena de ficar louco.
Um exemplo: estou de mudança, esta semana, para um apartamento alugado. Diferentemente do prazo padrão de 30 meses de duração, o contrato que acordei com a proprietária do imóvel termina, impreterivelmente, no dia 31 de dezembro de 2009.
Projetos e possibilidades de trabalho para 2010 não poderão ser aceitos, assim como possíveis envolvimentos afetivos terão que prever - para dizer o mínimo - uma longa interrupção com data marcada.

É um caminho sem volta.



Hoje este blog completa um mês de existência. Eu tinha a meta de escrever aqui diariamente, pelo menos neste mês de janeiro. Aos trancos e barrancos, alternando posts com uma razoável quantidade de trabalho e pesquisa, com alguns posts meio "mequetrefes", consegui cumprir a meta.
Muito desta motivação vem dos comentários deixados pelos poucos - porém fiéis, leitores deste blog.


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo final

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Solidão igual, só a de um deserto, ou de uma foto Polaroid exposta ao sol até a exaustão

Estou na redação de um jornal usando um computador emprestado, de costas para uma infinidade de baias e de gente nessas baias que eu não conheço. Espero um amigo que está terminando seus afazeres. Ele me convidou para beber. Ele tenta terminar o mais rápido possível seu trabalho. Todos aqui parecem compenetrados num mar de monitores, telefones, televisores. Tudo o que se passa no mundo parece passar por aqui. Acabaram de prender um terrorista. Alguém morreu. Um jogador fez um bonito gol. O Obama falou não sei o quê.

Eu estou perdido no meio disso tudo.

Preciso dar uma volta na praça.




Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 16

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Livros

Após passar o ano passado inteiro envolvido em um programa de TV, ou seja, um ano inteiro trabalhando como um camelo sem ter tempo para absolutamente nada, muito me agrada a oportunidade de ler e estudar que este projeto está me proporcionando.

Ontem chegou uma encomenda da Amazon, dois livros da Lonely Planet:



Com duas páginas dedicadas a cada um dos 230 países do mundo este "The Travel Book" faz uma síntese entre a abrangência absoluta e a superficialidade. Cada país leva algumas fotos e um texto que enumera as "essential experiences" de cada nação. No Brasil, por exemplo, as experiências essenciais são manjadíssimas: dançar nas Ruas de Salvador no Carnaval; ver um jogo no Maracanã, e por aí vai.
É legal pela magnitude - países como Latvia, Nauru, Tajikistão, Palau e Comoros e Mayotte (esse aí nunca ouvi falar...) têm o mesmo espaço de França, Estados Unidos, Rússia, etc. Existe uma edição em português, mas é muito mais barato comprar na Amazon.
Belo livro para deixar em cima da mesa.



Agora falamos sério. Guia de 1.200 páginas sobre a África.
Abri o livro e tive uma grande decepção. Meu grau vencido me impediu de ler as letrinhas míudas da edição. Fudeu, vou ter que fazer um exame de vista e trocar as lentes. Até a instalação dos novos fundos de garrafa continuo sabendo muito pouco sobre a África.
A velhice é triste...

Além de guias e títulos que são encontrados nas seções de turismo e viagens das livrarias, minha humilde e crescente biblioteca básica para esta viagem conta com livros de outros gêneros. Hoje, por exemplo, comprei "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, sugestão de uma leitora deste blog. No livro, os relatos fantásticos de Marco Polo para Kublai Khan sobre as inúmeras cidades do império mongol.
Narrativas de expedições e travessias, assim como biografias e um pouco de poesia também estão presentes nesse processo de preparação.

Minha amiga Tissi, moça muito culta e viajada, fez, assim - em menos de dez minutos - uma interessante lista de livros. Tomara que tenham letras grandes...

A Lista de Tissi:
  1. Victoria, de Joseph Conrad. Uma aventura nas ilhas da Indonésia.
  2. O Coração das Trevas (Hearts of Darkness), também de Joseph Conrad. O livro que inspirou "Apocalipse Now".
  3. O Grande Bazar Ferroviário, de Paul Theroux. O relato de uma viagem de trem pela Ásia realizada em 1975, quando o autor sai de Londres e vai até o Vietnã, em diversas linhas diferentes pelo continente asiático.
  4. No Coração da África, de Martin Dugard. As aventuras de Stanley e Livingstone.
  5. Imperium, de Ryszard Kapuscinski. O escritor polonês relata o colapso da União Soviética.
  6. O Estrangeiro, de Albert Camus. Obra prima do atormentado escritor franco-argelino.
  7. O Americano Tranquilo, de Graham Greene. Uma história político-policial ambientada no Vietnã durante a Guerra da Indochina, contra a França (1946-1954)
Outro livro de grande valia para este projeto é "The Practical Nomad", de Edward Hasbrouck, infelizmente não disponível no Brasil.



O autor é um "travel guru", um maluco que fez duas vezes a volta ao mundo. O livro é um manual prático para viajar mundo afora. Não tem dicas de passeios, hotéis ou restaurantes, não fala de países e regiões específicas e sim tergiversa sobre os inúmeros aspectos objetivos de uma longa viagem multicontinental. O volume é divididido em capítulos como documentos, transporte aéreo, transporte terrestre, bagagem, saúde e segurança, entre outros.

Ainda dentro do assunto deste post, hoje eu almocei com um amigo que tem uma editora. Conversamos sobre o livro que pretendo escrever na viagem. Ele achou interessante e tal, mas na hora que eu, sutilmente, comecei a falar sobre um adiantamento, o viado do garçom trouxe a conta e acabamos mudando de assunto. Pelo menos ele pagou o almoço.
Pode ser um bom sinal...


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 15

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Exaustão

Estou exausto.

A exaustão física é, notadamente, uma infalível companheira em uma viagem longa e complexa como a que pretendo fazer.

365 dias de aeroportos, aviões, atrasos, hotéis, trens, barcos, ônibus, caminhadas, bolhas nos pés, altitude, calor e frio extremos, bagagens, bagagens extraviadas, check-in, check-out, ansiedade, excitação, solidão.

365 dias trabalhando sem parar, sendo produtor de mim mesmo, fotografando, filmando, editando e escrevendo.

365 dias chegando e partindo, deixando para trás - quiçá para sempre, pessoas e lugares. E avançando rumo à novas pessoas e lugares que, por sua vez, também serão deixadas para trás em um motocontínuo de euforia e perdas com a exata duração de um ano.

Ir vendo e vivendo, documentando e contando simultanea e ininterruptamente uma mui intensa experiência pessoal à medida em que ela acontece.

Posso ficar louco.


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 14

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O mundo de Maria

Hoje, pela primeira vez, este espaço será cedido para outra pessoa.
Maria - quase dez anos, vai escrever sobre os lugares que ela quer conhecer.
Eu já viajei com ela para Buenos Aires, onde largamos todo mundo e fizemos vários passeios, incluindo o sensacional Zoológico da cidade.

Foi a primeira vez que Maria saiu do Brasil. Ela tinha cinco anos.



"Oi pessoal, eu adorei viajar para Buenos Aires, dei comida para o camelo...



para o lobo marinho...



fui a bares e muito mais.



A outra viagem que fiz pra fora do Brasil foi no ano passado quando eu tinha nove anos, com o meu pai Daniel, a namorada dele Bebel e os meus meio-irmãos, a Duda e o Gabriel, para a Disney. Nós fomos a oito parques muito legais, fomos também a um circo e muitos restaurantes.

Eu adoraria viajar para o mundo todo e conhecer principalmente a França, Nova York, Los Angeles, Itália, Japão, Barcelona, a África e o Egito.

Estou combinando de encontrar o Samir em algum lugar da viagem dele."




Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 13

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Esmiuçando a rota para a América do Sul - parte 3

Segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010.
Estou em Lima. Vou até o Aeropuerto Internacional Jorge Chávez, onde pego um vôo direto (duas horas de duração) para Guaiaquil, a maior cidade do Equador. Fico lá até até o dia 10/02, quando embarco para o fascinante Arquipélago de Galápagos, distante 972 km da costa equatoriana.


O arquipélago de Galápagos é composto de 13 ilhas principais, 6 ilhas menores e 107 ilhotas e rochedos. A Isla Isabela é a maior de todas e tem o formato de um cavalo-marinho.

A única forma de explorar Galápagos é de barco, em cruzeiros ao redor das ilhas. A excursão padrão dura entre cinco e oito dias. Darwin esteve lá por cinco semanas, entre 15 de setembro e 20 de outubro de 1835. Essa curta temporada do H.M.S. Beagle pelo arquipélago mudou para sempre a história da ciência.


Charles Darwin elaborou a Teoria da Evolução das Espécies a partir do que viu e coletou em Galápagos, notadamente as várias espécies de tentilhões que diferem de uma ilha para a outra...


... e as tartarugas que têm cascos diferenciados por causa da vegetação específica da ilha onde vivem. Nas ilhas maiores e mais úmidas como Isabela e Santa Cruz, com vegetação predominantemente rasteira, as "tortugas" tem pescoço mais curto e seu casco mais comprido as impede de levantar a cabeça. Já nas ilhas menores e mais secas, como Española e Pinta, o alimento não está no chão. A tartaruga da foto é uma subespécie que evoluiu por milhões de anos até ter o casco mais curto e o pescoço longo, conseguindo alcançar alimento em arbustos e galhos mais altos, estando perfeitamente adaptada ao seu habitat.



Finda a excursão por Galápagos, pego um vôo para Quito no domingo, 14/02. No dia seguinte visito o Monumento a la Mitad del Mundo (foto acima) distante poucos quilometros do centro da capital e por onde passa, obviamente, a Linha do Equador.

Na quarta-feira, 17/02, parto para Bogotá, a capital da Colômbia. Uma vez me disseram (não lembro quem...) que Bogotá era um bom lugar para cortar o cabelo. Fico três dias na cidade, tempo suficiente para achar uma boa peluquería e aparar minhas madeixas. No dia 19/02 rumo para Cartagena, meu último destino na América do Sul.

Cartagena - na verdade Cartagena de Indias, para diferenciar da cidade homônima espanhola, é uma belíssima cidade colonial fortificada no Caribe, com um centro histórico cuidadosamente preservado.


O escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez mora em Cartagena de Indias. Seu famoso romance "O Amor Nos Tempos Do Cólera" é ambientado na cidade.



Fico em Cartagena até o dia 22/02, quando parto para a Cidade do Panamá, 53 dias depois de ter deixado o Rio de Janeiro.

Como disse anteriormente, este é um primeiro estudo quase profundo para uma rota pela América do Sul. Questões logísticas, financeiras e, principalmente, o curto período de tempo disponível para este trajeto, acabarão provocando alterações.

Minha impressão é a de que alguns lugares fatalmente serão excluídos. A resolução final virá a partir de uma intrincada combinação entre o itinerário pelas Américas Central e do Norte, e a Europa.

De qualquer forma, existe um marco na metade do caminho - "um oriente ao oriente do oriente", uma Linha do Equador imaginária traçada no meio do ano, precisamente no dia 30 de junho, quando embarco na estação de Yaroslavisky, em Moscou, deixando a Europa e partindo de trem para Pequim.


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 12

domingo, 25 de janeiro de 2009

Esmiuçando a rota para a América do Sul - parte 2

Sexta-feira, 15 de janeiro de 2010.
Estou em Santiago. Passo o fim de semana na capital em um hotel bom. Vou estar moído e preciso me recuperar para a pedreira que vem pela frente: 17 dias percorrendo por terra (carro, ônibus e trem) enormes distâncias em elevadíssimas altitudes.
Na segunda, 18/01, pego um vôo para Calama (2:05 horas), onde fica o aeroporto mais próximo de San Pedro de Atacama (105 km por terra), cidade-base para atacar o deserto do Atacama. Fico no deserto até o dia 21/01 (quinta-feira).


O Atacama é o deserto mais árido e mais alto do mundo (2440 metros)

No Deserto de Atacama encontram-se vulcões, dunas, lagoas, gêiseres e bizarras formações rochosas, compondo uma paisagem quase extraterrestre. Fico lá por quatro dias (3 noites).
No dia 21/01 parto em uma viagem por terra até Uyuni, na Bolívia, atravessando o Salar, o deserto de sal do Altiplano Boliviano. O trajeto é percorrido em três dias, passando por uma das regiões mais inóspitas do planeta.


O Salar de Uyuni tem 12.000 km2 cobertos por camadas de 2 a 20 metros de sal.


O Salar é o habitat de três espécies de flamingos.

Chego em Uyuni dia 23/01 e na segunda-feira, 25/01 parto para La Paz. O trajeto não é moleza. Sete horas de trem até Oruro e depois 3 horas de ônibus até La Paz. Esta viagem pode ser caótica. Li alguns relatos tragicômicos de viajantes que levaram mais de 20 horas para completar o itinerário, devido aos enormes e constantes atrasos dos trens bolivianos e o lamentável estado das rodovias do país.
Fico em La Paz até o dia 28/01, quando pego um ônibus para Copacabana, localizada às margens do Lago Titicaca (3 horas de viagem). No dia 30/01 sigo para Puno, no Peru, também no Lago Titicaca (3:30 horas de viagem).
Em 01/02 deixo Puno e embarco de trem para Cusco, numa viagem de 9:30 horas. No dia seguinte, Machu-Pichu, de trem, com retorno a Cusco no mesmo dia.


Machu-Pichu ("velha montanha", em quíchua) foi "descoberta" em 24 de julho de 1911 por Hiram Bingham, historiador e aventureiro americano.

Fico em Cusco até quinta-feira (04/02) quando rumo para Arequipa. de avião (ufa!!) Eu tenho uma relação pessoal e afetiva com Arequipa, morei lá por quase seis meses, em 1980. Passei meu aniversário de dez anos na aprazível "Ciudad Blanca", assim chamada por suas casas construídas em rocha vulcânica.
Retorno 30 anos depois.


Arequipa está localizada no sopé do vulcão Misti. Lá eu fui feliz.

No sábado, 06/02, deixo Arequipa em direção à Lima, de avião. Fico na capital descansando, comendo ceviche e aproveitando as benesses do bom e velho nível do mar. Mas só até o dia 08/02, quando parto para Guaiaquil, no Equador.

Amanhã, Equador e Colômbia.

Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 11

sábado, 24 de janeiro de 2009

Esmiuçando a rota para a América do Sul - parte 1

Uma simulação mais ou menos factível:

Primeiro de janeiro de 2010, sexta-feira. Acordo excitado e numa terrível ressaca. Todo o planejamento de pegar leve na noite de Ano Novo - minha derradeira em solo pátrio pelos próximos 365 dias, foi em vão. Tenso, começo a checar, pela milésima vez, minha mala e meus equipamentos. Passagens, documentos, cartões de crédito, dinheiro, passaporte, uma caralhada de coisas. O telefone não pára. Meu mau humor beira o insuportável. A serotonina e a adrenalina oscilam qual o gráfico de um eletrocardiograma. Aliás, quem sabe não é uma boa idéia dar um pulinho lá no Procardíaco, só pra dar uma conferida? A caixa de remédios é remexida mais uma vez: um suprimento de Adnax para o ano inteiro, Rivotril gotas, Rivotril comprimidos, Aspirina Prevent, algum hipnótico (Dormonid, Aprazolan, etc.) , um antibiótico de última geração para combater uma possível inflamação crônica na garganta, alguns Cialis e camisinhas (é, também posso ser otimista) e o aparelho portátil de tirar a pressão.
O vôo para Montevidéu parte às 17:45. O táxi está marcado para às 15:15. O filho da puta do motorista chega às 15:00 e toca o interfone. Eu estou tomando banho. Alguém está me ajudando com a mala. Coitada dessa boa alma. Qual um bucéfalo distribuo coices no ar. Uivo e vocifero. Saio do banho e começo a suar. Desço às 15:29 com uma insuportável sensação de estar esquecendo algo fundamental. Na Lagoa, passando a curva do Calombo em direção ao Túnel Rebouças - num átimo, relaxo por completo. Todas as questões de ordem prática desaparecem. Esboço um sorriso.
A viagem, de facto, começou.



Chego em Montevidéu onde fico por 4 dias (3 noites). Vou conhecer a cidade. No domingo, 3/01, pego um barco e atravesso o Rio da Prata rumo à Buenos Aires. A viagem dura 3 horas. Fico em Buenos Aires, cidade que conheço bem, apenas por 3 dias (2 noites).
Da capital rumo para El Calafate, na Patagonia Argentina, na dia 06/01 (quarta-feira). O vôo direto dura 3:13 horas. A grande atração de El Calafate é o Glaciar Perito Moreno, a maior geleira do continente.


Blocos de gelo de 60 metros soltam-se intermitentemente há milhões
de anos, no Glaciar Perito Moreno, na Patagonia Argentina.

Dois dias depois, na sexta-feira, 8/01, pego um vôo para Ushuaia, na Terra do Fogo. De lá embarco em uma viagem de navio até Punta Arenas no Chile. O cruzeiro dura quatro dias, passando pelo Cabo Horn e prosseguindo pelo meio dos glaciares até seu destino final (Aqui, o link para a operadora do cruzeiro). De Punta Arenas vou de ônibus até Puerto Natales, onde fica o sensacional Parque Nacional Torres del Paine. Dois dias depois, em 15/01, retorno até Punta Arenas de onde parte o vôo para Santiago, com duração de 3:20 horas.

Amanhã, Deserto de Atacama, Bolívia e Peru.

Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 10

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Primeiro estudo de uma rota para a América do Sul


























  1. Rio - Montevidéu (avião)
  2. Montevidéu - Buenos Aires (barco)
  3. Buenos Aires - El Calafate, Argentina (avião)
  4. El Calafate - Ushuaia, Argentina (avião)
  5. Ushuaia - Punta Arenas, Chile (barco)
  6. Punta Arenas - Puerto Natales, Chile (ônibus)
  7. Puerto Natales - Santiago (avião)
  8. Santiago - San Pedro de Atacama, Chile (avião)
  9. San Pedro de Atacama - Uyuni, Bolívia (carro)
  10. Uyuni - La Paz (trem e ônibus)
  11. La Paz - Copacabana, Bolívia (ônibus)
  12. Copacabana - Puno, Peru (ônibus)
  13. Puno - Cusco (trem)
  14. Cusco - Machu-Pichu - Cusco (trem)
  15. Cusco - Arequipa, Peru (avião)
  16. Arequipa - Lima (avião)
  17. Lima - Guaiaquil, Equador (avião)
  18. Guaiaquil - Ilhas Galápagos, Equador (avião)
  19. Ilhas Galápagos - Quito (avião)
  20. Quito - Bogotá (avião)
  21. Bogotá - Cartagena, Bolívia (avião)

Como escrevi no título deste post, esta é a conclusão de um primeiro estudo - já um tanto quanto profundo, sobre a América do Sul.
Parece muito, e talvez seja. Ainda estou tentando "quantificar" cada trecho, definir o tempo que deve ser destinado a cada local.

Ficaram de fora o Paraguai (vingança pelo meu fígado podre de tantos whiskys paraguaios), Venezuela (foda-se o Hugo Chavez), Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Minha principal fonte de consulta para elaborar essa rota foi a internet, seguida pelo livro "Guia Criativo para o Viajante Independente na América do Sul", de Zizo Asnis.

Nos próximos posts faremos uma análise quase minuciosa dos 21 trechos acima.

Este roteiro é totalmente aberto a dicas e sugestões, prezado leitor.


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 9

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Apuração

Finalizado nosso primeiro escrutínio, vamos aos resultados, seguidos de uma breve análise.

A enquete era: "Em uma viagem longa, você prefere:"
Foram apurados 26 votos, correspondendo a 100% do total.

A opção (a) "Visitar muitos lugares ficando pouco tempo em cada um" recebeu 2 votos - 7% do total.
O esquema "vovó Stella" com excursões de 12 dias por 20 países, definitivamente está em baixa.

A opção (b) "Visitar poucos lugares ficando muito tempo em cada um" recebeu 3 votos - 11% do total.
Criar raízes, teias de aranha emocionais, ficar amigo do jornaleiro pra tentar comer a filha dele, viver a vida como um nativo. Parece que no mundo de hoje ninguém tem mais saco pra isso.

A opção (c) "Visitar alguns lugares ficando algum tempo em cada um" recebeu 12 votos - 46% do total.
A grande vencedora. Saber ficar o tempo certo em cada lugar (e em cada relação, emprego, etc.) parece ser o ideal. É preciso, entretanto, de ingenium et ars, conhecimento e intuição para não quebrar a cara. Não é para amadores.

A opção (d) "Ah, sei lá. Foda-se" recebeu 9 votos - 34% do total.
O postulado vice-campeão é emblemático. Tanto pode ser lido como "foda-se, essa questão não me interessa" como "não vou planejar nada e vou resolvendo tudo along the way". Sem dúvida é necessária uma pitada de "foda-se" para uma empreitada como esta de realizar a volta ao mundo.


Como este blog é um espaço democrático e a voz do povo é a voz de deus, a complexa rota desta viagem de volta ao mundo seguirá - na medida do possível, o preceito vencedor deste escrutínio: "Visitar alguns lugares ficando algum tempo em cada um"

Nos próximos dias apresentaremos nosso primeiro estudo de um roteiro para a América do Sul, a ser discutido com os poucos, porém fiéis, seguidores deste blog.

Enquanto isso, continuem com a reedição da saga americana:

Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 8

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Linha Internacional de Data - parte 2


















A Linha Internacional de Data não é reta por uma simples razão: se assim o fosse, dividiria ao meio alguns países e arquipélagos, ocasionando que uma mesma nação estivesse simultaneamente em dois dias diferentes.

O primeiro desvio ocorre no Estreito de Behring, contornando a ponta da Sibéria e depois avançando em diagonal à oeste das Ilhas Aleutas (território americano).























Em seguida a Linha volta ao meridiano 180º e desce até formar um bizarro desenho (parece um abridor de latas de canivete suíço, ou coisa que o valha...), abrigando as 33 ilhas que formam a República de Kiribati, na Micronésia.

Até a última mudança da Linha Internacional de Data, ocorrida em 1995, o arquipélago de Kiribati era cortado ao meio pela linha imaginária, o que causava uma duplicidade de datas no país. Com o novo desenho Kiribati tem a honra de ser o país mais oriental do mundo, o país onde começam todos os dias.





















Em 1884, astrônomos e representantes de 25 países se reuniram em Washington numa convenção para determinar o primeiro meridiano. Esses ilustres senhores da foto aí embaixo elegeram o meridiano que passava pelo Greenwich Royal Observatory como o meridiano zero.

A escolha de Greenwich tinha um lado prático, além de todas as questões diplomáticas envolvidas (a Inglaterra era a maior potência da época). Seu oposto, o meridiano 180º, estaria localizado sobre uma grande extensão de água evitando assim maiores transtornos que fatalmente ocorreriam caso maciças porções territoriais fossem divididas.




















Eu cruzei a Linha Internacional de Data em 1999, em uma viagem ao Japão, via Los Angeles.

Meu vôo partiu às 9:00 de Los Angeles do dia 10 de janeiro e, após 11 horas e 50 minutos de viagem, chegou em Tokyo às 14:50 do dia 11 de janeiro.

O vôo de volta partiu de Tokyo às 16:50 do dia 7 de fevereiro e , após 9 horas e quarenta minutos de viagem, chegou em LA às 9:30 do mesmo dia 7 de fevereiro.

Entendeu?


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 7

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A Linha Internacional de Data - parte 1




























Esta aí em cima - cruzando em ziguezague o globo terrestre - é a Linha Internacional de Data, uma convenção adotada por todos os países do mundo. Localizada no meridiano 180˚ a Linha Internacional de Data - também conhecida como Linha de Mudança de Data, é uma fronteira imaginária entre o hoje e o amanhã, determinando onde começa e termina cada dia.

Imagine que hoje, 20 de janeiro, você esteja cruzando o Pacífico no sentido oeste, indo de San Francisco a Tokyo. No exato momento em que seu avião cruzar a Linha Internacional de Data você estará no dia 21. No trajeto inverso indo para o leste (Tokyo - San Francisco) realizado na mesma data, você "ganharia" um dia, retrocedendo até 19 de janeiro.

É complicado, prezado leitor...
Uma daquelas coisas que você pode até tentar entender, mas vai tentar explicar...

Quando as grandes expedições marítimas de circunavegação tiveram início não tardou-se a perceber uma disparidade de datas entre as anotações dos viajantes e o calendário no ponto de origem - sempre da ordem de um dia. Foi a partir da expedição pioneira de Fernão de Magalhães que estabeleceu-se o "paradoxo da circunavegação".




























A epopéia do português Fernão de Magalhães teve início em 20 de Setembro de 1519 quando ele partiu da Espanha com uma esquadra de cinco naus e uma tripulação de 234 homens. A expedição retornou à Espanha com apenas 18 tripulantes na nau Victoria que aportou em Sevilha no dia 06 de setembro de 1522, completando a primeira circunavegação do globo terrestre.
Fernão de Magalhães não estava entre os 18 remanescentes. Havia sido morto em combate na ilha de Cebu, nas Filipinas, em 27 de abril de 1521.

Quando o que restou da tripulação chegou à Espanha, constatou-se que um dia a mais tinha sido transcorrido: para os marujos era quarta-feira e em terra já era quinta-feira.
Como o passar dos dias a bordo era anotado precisamente a cada nascer do sol algo muito esquisito - sem dúvida diabólico, teria acontecido. Foi designada uma delegação oficial para apresentar a questão ao Papa Adriano VI que, obviamente, não entendeu nada.

Como Fernão de Magalhães fez sua viagem ao redor do globo na direção oeste, acabou demorando um dia a mais. Se tivesse rumado para o leste, como Phileas Fogg, teria "ganho" um dia, chegando antes em relação à data estabelecida no ponto final da circunavegação.
Aliás este foi o fator determinante que possibilitou a Fogg conseguir completar sua viagem no prazo estabelecido e ganhar a aposta de 20.000 libras. Como ele foi para o leste, acabou tendo um dia a mais em relação ao calendário de Londres. Na verdade, Phileas Fogg acabou tendo 81 dias para completar sua volta ao mundo em 80 dias.

A necessidade de se determinar um marco inicial para "começar" cada dia motivou a criação da Linha Internacional de Data. Inicialmente traçada no ano de 1900, a linha mudou algumas vezes até chegar ao desenho atual (no topo da página).

Juro que vou tentar explicar isso melhor.
Amanhã. Agora vou ver a posse do Obama.


Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 6

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Volta Ao Mundo Em 80 Dias



Julio Verne publicou "Le Tour de Monde en Quatre-Vingts Jours" em 1873.
Eu acabei de reler o livro (por razões óbvias...) e confesso que não lembrava de muita coisa - principalmente não lembrava quão espetacular é o relato da incrível aventura de Phileas Fogg e seu fiel escudeiro Passepartout.



O filme de 1956, com David Niven, Cantinflas, Shirley MacLaine e um elenco estelar, fez um estrondoso sucesso, ganhando cinco Oscars, inclusive o de melhor filme. No longa, dirigido por Michael Anderson, foram permitidas algumas licenças poéticas que acabaram confundindo para sempre o imaginário de muitos espectadores/leitores, como uma tourada na Espanha (país onde o excêntrico Mr. Fogg nunca pisou) e a famosíssima cena do balão, inexistente no livro.


David Niven e Cantinflas: Phileas Fogg e Passepartout.

No livro Fogg rechaça a idéia de utilizar um balão para a travessia do Atlântico entre Nova York e Liverpool, considerando-a "muito temerária, irrealizável". Já o cinema não poderia deixar de tirar uma casquinha de "Cinco Semanas Em Um Balão"...

Sessão da Tarde




Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 5

domingo, 18 de janeiro de 2009

Teorema líquido

Acabei de ter um insight, um quase teorema que pode ser formulado da seguinte forma:

Se eu vou ficar um ano viajando e
quando eu viajo bebo todo dia sem parar,
logo eu vou ficar um ano bebendo sem parar.




Whisky
Saquê
Pisco
Vodka
Rum
Tequila
Grappa
Cerveja
Licor
Vinho
Champanhe
Conhaque
Gim
Aquavit
Absinto
Arak




e centenas de drinks elaborados a partir
da mistura destas e de outras bebidas.

Fudeu!

Vale a pena ver de novo!
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 4

sábado, 17 de janeiro de 2009

Papai vá de trem, de trem é bom!



Aproximadamente 90% dos deslocamentos neste projeto de volta ao mundo serão realizados de avião.

Estão previstas algumas travessias de barco como Montevidéu - Buenos Aires - pelo Rio da Prata; e Ushuaia - Punta Arenas através do Canal de Beagle e do Estreito de Magalhães, passando pelo Cabo Horn, ponto de encontro entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

De trem, pelo menos dois trajetos lendários: Nairobi - Mombassa pelo "Lunatic Express" (a famosa Uganda Railway, construída pelos ingleses entre 1895 e 1903); e o "Expresso Transmanchuriano" que liga Moscou a Pequim, passando pela Mongólia.

Por enquanto, fiquem, com o mestre

Jackson do Pandeiro


Vale a pena ver de novo!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Eduardo Vai À Europa

Embarque com Eduardo em sua sensacional viagem pelo Velho Mundo!




Vale a pena ver de novo!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Vale a pena ver de novo

Eu já tive um blog que definhou até morrer.
Já por este aqui, prometo lutar bravamente. Jurei para mim mesmo que - ao menos em janeiro, escreveria todo dia. Estamos chegando na metade do mês e eu já sou um escravo dessa porra.

Para não matá-lo de tédio, estimado leitor, começo hoje a reedição do relato de minha viagem à Costa Oeste dos Estados Unidos, ocorrida em Março de 2007 e originalmente publicado no falecido Blog dA Organização, dentro do Globo Online. Posso dizer que foi o estopim deste projeto insano.
A série se chamará "Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA" e será publicada na ordem em que foi escrita. Nos próximos posts, independentemente do assunto abordado, sempre estará presente o link para mais um eletrizante capítulo desta saga americana.

Se alguém quiser fazer algum comentário sobre os posts da viagem aos EUA, deve fazê-lo aqui, pois não tenho mais acesso à edição das postagens no Globo Online. Este lembrete beira o ridículo, já que ninguém escreve mesmo...

Voilà!

Vale a pena ver de novo
Relato de uma viagem à Costa Oeste dos EUA - capítulo 1

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Everybody Macacada!!

H.L. Mencken, o renomado autor de "O Livro dos Insultos", já dizia que "a democracia é a arte de governar o circo a partir da jaula dos macacos".
Homenageando o velho iconoclasta abrimos aqui neste momento nossa primeira Enquete Popular, onde pretendemos levar em conta (ma non troppo...) sua valiosa opinião, estimado leitor, no tocante à delicada - quase metafísica questão da definição de uma rota para esta viagem.

A Enquete Popular está aí do lado, no alto da página.
O escrutínio se dará por encerrado às 23 horas e 59 minutos do dia 21 de janeiro de 2009.
Cidadão, exerça sua cidadania, vote!

Everybody Macacada!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nessum Dorma


Una donna aspetta il vaporetto
Veneza, 2007



"Nessum Dorma" é uma ária do último ato da ópera "Turandot",
de Giacomo Puccini, interpretada aqui por Franco Corelli.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Pule este post

Que preparativos, que nada. A vida não é mole, certo?
A Claro fudeu meu modem 3G. Não consigo conectar-me desde domingo de manhã.
Pra quem não me conhece, muito prazer, sou neurótico.
Maníaco-depressivo-bipolar-obsessivo-paranóico.
Minha analista, lacaniana, é muda.
Viajar pelo mundo é do caralho, mas implica em desapego, perdas, distanciamento.
Uma das poucas coisas que ela (minha analista) falou - devo admitir, quando ela fala, ela é foda - é que "na vida, é preciso querer perder certas coisas."
Eu perdi três mulheres nos últimos 30 dias.
Perto disso perder minha conexão à internet não é nada.
Desculpe fazê-lo perder seu tempo, estimado leitor.
Avisei lá em cima. Pule este post.
Ele nada acrescenta ao projeto que motivou a existência deste blog.
Toda vez que eu escrever sobre o nada, ou sobre mim mesmo, vou usar este título:
Pule este post

domingo, 11 de janeiro de 2009

sábado, 10 de janeiro de 2009

Torre de Babel



Existem quase 7.000 línguas em todo o mundo.

Há muita controvérsia sobre as dez mais faladas. São muitas listas diferentes. Ficamos com essa:

  1. Mandarim
  2. Hindi
  3. Inglês
  4. Espanhol
  5. Bengali
  6. Árabe
  7. Português
  8. Russo
  9. Japonês
  10. Alemão
O português é falado por 203.000.000 de pessoas em todo o mundo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Who are you?

Um dos principais objetivos desta viagem é colher material para uma exposição chamada "Who are you?".
A idéia é interpelar aleatoriamente pessoas na rua e - com a câmera de vídeo em punho, fazer uma única pergunta: "quem é você?", no idioma do lugar onde me encontrar. Portanto uma de minhas primeiras missões quando chegar em em um novo país será aprender como se diz "quem é você" na língua local e deixar o entrevistado responder como quiser à essa capciosa pergunta. No fim da viagem pretendo ter algumas centenas de portraits de gente de todas as etnias respondendo à mesma questão existencial em suas respectivas línguas natais, constituindo material para uma grande instalação audiovisual.

Essa idéia surgiu em 2007, durante a Bienal de Veneza, quando deparei-me com uma bizarra e fascinante figura:

L'uomo Tecnologico

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Todo começo é involuntário

Não sei bem ao certo quando comecei a considerar a idéia de fazer uma viagem de volta ao mundo. Digo, o desejo primaz de me mandar por aí, conhecer povos, culturas, etc. Talvez tenha sido muito cedo, quando meu pai, engenheiro, ia todo mês para a Argélia e voltava cheio de histórias sobre o deserto do Saara.
Avançando quase três décadas no tempo, alguns fatores contribuiram para a elaboração mais ordenada desta hipotética viagem como um projeto de trabalho.
Do ponto de vista prático tive a experiência de escrever um blog no Globo Online sobre produção audiovisual independente onde - desvirtuando-me totalmente da temática proposta, escrevi sobre minha viagem à costa leste dos EUA e minha ida à Bienal de Veneza. Nestas duas ocasiões estive o tempo todo com um laptop, uma câmera de vídeo e uma de foto, pondo em prática o modelo que pretendo adotar neste projeto de volta ao mundo.
O outro aspecto - este sim primordial, é o fato de eu estar com 38 anos, não ter mulher, não ter filhos e não ter um emprego fixo (sou free-lancer, desde sempre...).

Um sentimento que sempre esteve presente na minha vida foi a urgência.
É agora ou nunca.

...

Se você imagina fazer uma viagem por vários países, um bom ponto de partida é visitar o site da Airtreks, uma agência de viagens especializada em roteiros ao redor do mundo. No site eles têm um "Trip Planner", onde você marca seus destinos num mapa mundi e eles dão uma primeira estimativa de preço para as passagens aéreas. A Airtreks fica em San Francisco. Eu estive lá em 2007 e pretendo comprar minhas passagens com eles.

O vídeo aí embaixo foi feito no Big Sur, na costa do Pacífico, quase chegando em San Francisco.

No Fish Today



Nada me prende a nada
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O mundo que eu conheço




Eu conheço só um pouquinho do mundo:
  1. Brasil - uma boa parte...
  2. Argentina - Buenos Aires
  3. Uruguai - Punta del Este e o aeroporto de Montevidéu
  4. Peru - Lima e Arequipa (morei em Arequipa aos 10 anos de idade)
  5. Paraguai - Puerto Stroessner, atual Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil
  6. Estados Unidos - uma boa parte...
  7. França - Paris
  8. Portugal - Lisboa, O Porto, Évora, Sintra e Óbidos
  9. Itália - Veneza
  10. Japão - Tokyo, Kyoto, Kamakura e Nara
  11. Indonésia - Bali



segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

E a rota?

Tem gente me perguntando: "e a rota?'

Lembrei daquela velha piada do piloto português falando com a torre de controle:
- Tap 101 informe a posição e a altura.
- 1 metro e 65, sentado, ó pá.
- Não, idiota. A rota!
- Buuurrrrrrrrrrpppppppppppp!!!!


Eu venho pensando numa rota há uns dois anos mais ou menos e ainda não cheguei a uma conclusão definitiva. Mas estou quase lá. Quando tudo parecia resolvido deparei-me com uma complexa questão conceitual: minha rota inicial não cruzava totalmente o Oceano Pacífico e isso talvez fosse inadmissível. A partir daí surgiram várias novas indagações que misturam latitudes, longitudes, estações do ano, guerras e doses maiores ou menores de choque cultural.

A única coisa já totalmente definida é o início pela América do Sul.
Do Rio de Janeiro para Montevidéu, Uruguai. Daí de barco pelo Rio da Prata até Buenos Aires, Argentina.

Buenos Aires



A definição da rota ainda será tema de inúmeros posts nesse blog.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Lista de tarefas para o ano que começa - parte 3

7 - Estudar, ler, planejar e arrumar tempo para tudo isso.
Este tempo meio morto de começo de ano, ressacas e celebrações sem fim, não passa de uma armadilha. A vida é trânsito, é dia útil, não é domingo. E desde o Natal tudo parece um domingão só. Estou formando uma pequena bibliografia obrigatória, inicialmente livros sobre os continentes (está para chegar um de mais de 1000 páginas sobre a África) e posteriormente sobre os lugares específicos que acabarem ficando na rota definitiva. Adicione mais algumas milhares de horas na Internet, e você está pronto para partir.
Lindo, né?
Só não sei como conciliar isso com a necessidade básica de ter que ganhar dinheiro para viver, e o tempo que cada uma das atividades remuneradas na área em que atuo pode tomar. Aliás, este blog começou há apenas quatro dias e já me sinto um escravo dele...

8 - Arumar parceiros para transformar essa loucura toda em um projeto viável dentro do modelo de obtenção de recursos vigente no Brasil: entrar em editais, leis de incentivo, concursos públicos, enfim todo um mar de burocracias coalhado por uma lógica própria que muitas vezes foge à compreensão de simples mortais como eu.
Essa é a questão: idéia, qualquer mente vulgar é capaz de ter.

9 - Conhecer a Amazônia.
Eu acho incoerente querer fazer uma viagem pelo mundo todo sem conhecer minimamente meu próprio país de origem. Eu morei em Manaus quando tinha um ano de idade e meu pai trabalhava na construção da famigerada Transamazônica. Fiquei lá por muito pouco tempo e não tenho absolutamente nenhuma lembrança da região.
Em uma viagem onde existe a pretensão de conhecer alguns dos principais marcos naturais e geográficos do planeta é fundamental - até mesmo para efeito de comparação - ter algum conhecimento da região amazônica. Vou pegar uma passagem baratinha para Manaus e ficar lá alguns dias.




10
- Acabou a lista (ufa!!).
Se alguém quiser dar alguma sugestão, por favor deixe um comentário. Quem sabe a gente não acaba aumentando ainda mais isto aqui...


sábado, 3 de janeiro de 2009

Lista de tarefas para o ano que começa - parte 2

4 - Entrar em forma.
Um clássico das resoluções de Ano Novo, juntamente com "parar de fumar" e "parar de beber".

Estou parecido com um tio meu que certa vez deixou cair uma nota de 50 Reais no chão do Jockey Club e disse para um cara que passava por ali: - "Pega lá pra mim que 25 é teu."
Não tenho dúvida de que a exaustão física vai ser um dos componentes desta viagem.
Portanto, hay que emagrecer...


5 - Aprender a falar francês.

Falo bem inglês e espanhol. Meu francês é ridículo. Tive aulas no ginásio com uma provecta (já naquela época...) professora chamada Jaqueline. Jacqueline era francesa legítima. Também era surda, o que causou terríveis danos ao meu aprendizado da língua de Flaubert. O método da Sra. Jacqueline consistia em inúmeros testes orais que compunham grande parte da nota final. O colégio inteiro sabia que bastava falar bem baixinho para passar direto em francês.

Ter um domínio pelo menos razoável da língua francesa é quase fundamental em muitos países africanos e em boa parte do mundo árabe e da Indochina. Também convém falar francês na França.


6 - Fazer um curso de mergulho.

A água está presente em 71% da superfície do planeta Terra. Lugares que fazem parte da minha rota como as Ilhas Galápagos, no Equador e Zanzibar, na Tanzania têm grandes atrativos também debaixo d'água.
Pode parecer fácil para você, estimado leitor, mas não para um claustrofóbico paranóico como eu. Há aproximadamente dez anos atrás, meu coração parou por pouco mais de um minuto. O que fez o músculo cessar sua contração involuntária foi a falta de ar causada por dois erros sucessivos de um anestesista, durante uma banalíssima intervenção cirúrgica. Foi um daqueles casos onde certas pessoas vêem o túnel de luz, anjos tocando harpa, o inferno ou o paraíso. Eu não vi porra nenhuma. Acordei de um coma induzido dois dias depois aparentemente sem seqüelas cerebrais. Infelizmente adquiri alguns novos distúrbios psicológicos, entre eles um pânico absoluto de asfixia. Daí em diante comecei a achar que mergulhar poderia fazer o que milhares de sessões de análise não conseguiram.
Se eu amarelar e não fizer o curso de mergulho, ok. Vou tomar um drinque na beira do cais, comendo os peixes ao invés de vê-los.



sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Lista de tarefas para o ano que começa - parte 1

Se você pretende viajar por um ano inteiro, pelos seis continentes e por uns 30 ou 40 países, é necessário algum planejamento.

A seguir, uma pequena lista de coisas que terão que ser resolvidas ao longo do ano:

1 - Tirar todos os vistos necessários.



Se você acha que é foda conseguir
um visto para os Estados Unidos,
tente um para a Mongólia...













2 - Fazer um check-up de saúde completo, ir ao dentista, contratar
um seguro de viagem e tomar as vacinas necessárias.



Praticamente todos os países que não fazem parte
do 1º mundo exigem do visitante o certificado de
vacinação contra febre amarela, cuja validade é de
dez anos.

Apesar de não obrigatórias, as vacinas contra
hepatite A e B, influenza e meningite
meningocócica são altamente recomendadas -
especialmente em viagens longas por lugares
inóspitos.







3 - Definir todos os equipamentos necessários para a viagem: computador, sistema
de transmissão de dados, câmeras de vídeo e foto, microfone, sistema de GPS, etc.



É preciso pensar em uma mala
(case, sacola, o que for) que possa acondicionar todo o equipamento sem nunca se desgrudar de mim - entrando como bagagem de mão em qualquer teco-teco por aí,
ou num barquinho descendo o Rio Mekong, da Tailândia até o Laos.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Partir, não importa para onde.

Eu acho que não vale a pena ter
Ido ao Oriente e visto a Índia e a China
A terra é semelhante e pequenina
E há só uma maneira de viver*




Hoje, neste primeiro dia de janeiro do ano de 2009, começo o relato dos preparativos reais para uma hipotética - quiçá possível, viagem de volta ao mundo.




A viagem em questão será iniciada dentro de exatamente um ano, no dia 01 de janeiro de 2010 e terá a duração de 365 dias, com seu término em 31 de dezembro de 2010. Durante todo este período estarei filmando, fotografando e escrevendo. Produzindo material para um livro, uma exposição, uma série de TV, além de escrever um blog diário.


O orçamento da viagem é de aproximadamente 150.000 dólares. Como, infelizmente, não sou rico, dependo de patrocinadores e/ou investidores para viabilizar este projeto. De qualquer forma, questões relativas à obtenção de recursos não serão diretamente abordadas neste espaço.

...

A prudência recomenda que se deve ficar de bico calado em relação a projetos importantes.
Resolvi fazer o contrário, não sei bem por que...


Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.**

...

* Trecho de "Opiário" - Álvaro de Campos
**
Trecho de "Tabacaria" - Álvaro de Campos