quinta-feira, 21 de maio de 2009

"O Paraíba" no jornal

O jornal O Globo publicou uma matéria sobre a sessão de "O Paraiba" para paraibanos ilustres. Foi uma sessão importante, a primeira vez que o filme foi assistido por mais de 20 pessoas, em uma sala escura e uma projeção em tela grande.

Acho que meus conterrâneos gostaram...



Como não dá pra ler devido à ridícula limitação de tamanho de fotos deste medíocre blogspot, vou ter um puta trabalho de transcrever a matéria. Pode ser uma boa oportunidade para dar uma mexidinha no texto aqui e acolá...


João Pimentel

No dia 12 de março de 1970, em Campina Grande, nasceu o cineasta Samir Abujamra. Além do nome, de origem árabe, os seus cento e tantos quilos distribuídos por seus quase metro e noventa de altura já indicam que ele nasceu ali por acaso. Filho de um engenheiro transferido para a cidade paraibana para construir a rodovia que liga Campina Grande à região do Brejo Paraibano, Abujamra deixou o nordeste com apenas quatro meses, sem pronunciar uma palavra sequer. Há seis anos, com 33 de idade, ele, que quando criança tinha vergonha de sua carteira de identidade, decidiu conhecer a terra natal numa viagem insólita que resultou no documentário "O Paraíba", que teve uma sessão informal na terça-feira, no Teatro Oi Futuro, para paraibanos ilustres como o diretor de fotografia Walter Carvalho, o artista plástico Antônio Dias, o cantador e cordelista Mestre Azulão e Lacerda, garçon famoso das noites do Baixo Gávea.
Antes da sessão, Abujamra agradeceu a presença de todos mas, em meio ao blablablá típico dessas apresentações, foi interrompido, primeiro por Carvalho que bradou: "A Paraíba é o centro do mundo. A grécia antiga começou ali!" Em seguida, ao ouvir que a trilha sonora do longa seria composta por André Abujamra, primo de samir, Mestre Azulão não se conteve:
- Já que o filme foi feito na Paraíba, por que a trilha não é de cantadores? Se quiser uma coisa mais autêntica, se precisar de um violão, eu tenho aqui - disse o artista nascido em Sapé, terra de Augusto dos Anjos, que veio para o Rio aos 17 anos, estreou no programa de rádio de Almirante com Cego Aderaldo e, tempos depois, fundou com amigos retirantes a Feira de São Cristóvão.
O filme começa com a informação de que o autor partiria para Campina Grande munido de uma quase total falta de informações. Sua única referência era uma entrevista com os pais, Rosamaria e Samir, que se lembravam de pouca coisa dos anos que viveram por lá. A mãe lembrou o nome do obstetra que fez o parto, Doutor Everaldo, que propiciou um dos encontros curiosos do filme, e da casa pequena, de esquina, em que moraram. "Era uma casa enorme...", discordou o bem-humorado Samir, o pai.
A viagem começa no táxi em direção ao Aeroporto Internacional Tom Jobim e, neste trajeto, já se percebe o conceito do projeto. Abujamra filma o taxista, pede para ser filmado e, perguntado em que lugar se hospedaria, responde: "Sei lá!". É isso. Em mais de uma hora de filme, ele trabalha com a câmera na mão ou com uma equipe de apoio absolutamente amadora. O taxista que o acompanhou nas andanças paraibanas e o guia filmaram, foram assistentes, diretores de fotografia e roteiristas.


Uma viagem a um tempo que o cineasta não conheceu

Abujamra invade estabelecimentos com a câmera, visita a casa em que os pais viveram (hoje o consultório de um dentista pra lá de exótico), encontra seu registro de nascimento e, munido da velha certidão faz uma nova carteira de identidade. Ele atravessa a rodovia construída por seu pai, visitando cidades numa viagem a um tempo que não conheceu.
- O filme traz uma emoção e uma melancolia de uma pobreza natural do interior. A cena da feira em que um senhor vende pedaços de peças eletrônicas que ele não sabe pra que servem é simbólica - disse Carvalho.

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