sexta-feira, 26 de junho de 2009

Este Blog não morreu

Prezados leitores (se é que ainda tenho algum...)

Volto hoje a escrever aqui. Minha meta de escrever diariamente funcionou por 155 dias consecutivos - de 01/01 até 04/06.
A parada foi necessária para organização da vida e da cabeça.
A periodicidade do blog vai mudar, não mais condeguirei atualizá-lo diariamente, mas voltarei a incluí-lo em minha rotina diária.

Pretendo terminar de escrever as "Impressões de uma viagem ao Japão" e, em seguida, retomar a rota pela Ásia, prosseguindo pela Oceania e África.

O projeto da viagem em si continua vivo, vivíssimo, mas com mudanças substanciais que serão comunicadas em breve neste espaço.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Impressões de uma viagem ao Japão - parte 3

Uma tensa viagem:

Acionei meu primo que, por sua vez, acionou a Folha de São Paulo, a embaixada do Brasil em Tokyo, a puta que o pariu, para tentar evitar a tragédia que seria ir até o Japão e não entrar.

Encarar sozinho uma viagem de mais de 30 horas de duração com a perspectiva de dar com os burros n'água e voltar no primeiro vôo de volta era realmente perturbador.

Meu complexo trajeto até o outro lado do mundo foi percorrido da seguinte forma:

1 - Vôo Rio / São Paulo
2 - Cinco horas de espera no terrível Aeroporto de Guarulhos
3 - Onze horas e 40 minutos de vôo até Los Angeles
4 - Três horas de espera na sala de trânsito do Aeroporto de Los Angeles
5 - Onze horas e 18 minutos de vôo até Tokyo. Esta etapa final da viagem é toda percorrida sob a luz do dia.

Você chega em Tokyo, literalmente, moído. E com um fuso horário de doze horas na cabeça.

A tensão foi ininterrupta. Durante toda a viagem tive que lidar com meu cansaço e ansiedade extremos diante da possibilidade aterrorizante da praga da cônsul realmente se consumar.

O avião pousou as três da tarde no Aeroporto de Narita. O trajeto da aeronave até a imigração foi, talvez, o mais tenso da minha vida. Sentia-me um condenado caminhando para o cadafalso. Na fila que se formou diante dos guichês da imigração, percebi que suava nas mãos a ponto de manchar o verde-oliva do passaporte.

Com o coração saindo pela boca dirigi-me ao funcionário japonês. Entreguei o passaporte com a mão trêmula. Ele abriu o documento, virou as páginas lentamente, digitou algo no computador, olhou para mim, olhou de volta para a tela, pegou o carimbo e Voilá!!

A sensação de alívio foi indescritível!

Sentei num banco, acendi o primeiro cigarro desde Los Angeles (sim, em 1999 havia áreas para fumantes no Aeroporto de Narita) e todo o cansaço da viagem dissipou-se imediatamente.

Em seguida peguei minha mala e prossegui até a fiscalização alfandegária. No Japão toda bagagem é aberta e revistada por funcionários de luvas brancas. Inicialmente o funcionário, que com certeza não fala mais do que duas palavras em inglês, mostra um livro com os itens proibidos. É bem didático, tem fotos de um baseado, carreiras de pó, seringas, maços de dólares, diamantes, armas, etc. O pitoresco são as fotos de capas de filmes e revistas de sacanagem.
É, prezado leitor, uma simples Playboy é impedida de entrar na terra do Sol Nascente, logo lá onde a imaginação para a putaria não encontra limites.

Como eu não portava nenhum dos itens proibidos, estava até achando graça da revista. Eis que o funcionário pega duas fitas VHS sem rótulo, com apenas o box preto, como era naqueles tempos pré DVD. Tratava-se de meu portfolio de vídeos, que levava para meu primo ver. O alarmado guardião da moralidade pátria olhou fixamente para mim e bradou ameaçador: - "Porrnôôôôô!!" eu comecei a rir e falei "nô pornô!" ele inquiriu-me novamente: "Porrrrrnôôôôôôôô!!" aí chamou um superior que começou a falar japonês comigo. Depois de um tempo e do emprego de uma ou duas palavras em inglês sofrível, ele me fez entender que era para eu esperar enquanto ele via as fitas.
Quando ele saiu com o material suspeito houve um último momento de tensão. Eu tinha dirigido com meus sócios, na época, o pior videoclipe da história, de uma música chamada "Boquete", do Funk'n Lata. Pelo nome dá pra perceber o teor da obra-prima. Naquele momento eu não lembrava se o "Boquete" estava no portfolio.

Dez minutos depois o funcionário voltou sorridente, me entregou as fitas e balbuciou algo como "werocome for your company!"

A praga da cônsul não pegou...


Máquina de venda de revistas de sacanagem, em Tokyo.

Entrar no Japão com material pornográfico é proibido.
Já comprar lá...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Impressões de uma viagem ao Japão - parte 2

Um pequeno incidente diplomático:

Pouco mais de um mês antes da data da partida entrei com um pedido de visto junto ao consulado japonês do Rio de Janeiro. O visto padrão para o Japão é para apenas uma entrada e tem duração máxima de 90 dias. Como pretendia também visitar algum outro país asiático e posteriormente retornar à Tokyo, acabei solicitando um visto para duas entradas. O tempo foi passando, a data da viagem aproximando-se e nada do visto. A funcionária do consulado sempre falava ao telefone comigo que, "tá esperano resuposta Gaimusho!" O Gaimusho é o ministério das relações exteriores do Japão.

Ressabiado, liguei para meu primo em Tokyo, que cantou a bola sugerindo que eu garantisse logo o visto simples já que "a burocracia japonesa é foda." Ele também me informou que era possível, mesmo com o visto simples, sair e retornar ao Japão por um prazo máximo de três dias.
Faltava pouco mais de uma semana para o embarque. Liguei pro consulado e falei que uma vez que o Gaimusho nunca respondia, eu desistia do visto múltiplo e pegaria logo o comum. A funcionária falou que não havia nenhum problema em proceder dessa forma, mas que valia a pena eu esperar mais uns dias.
Pois bem, na manhã da quinta-feira, o7 de janeiro de 1999, data de meu vôo para Tokyo, a japa do consulado falou que não iam me dar visto algum. Tive um ataque e comecei a esbravejar, exigindo falar diretamente com a cônsul. A cônsul veio ao telefone e disse que, uma vez que a resposta do Gaimusho ainda não havia saído, ela não podia me dar nenhum visto. Putaço, quase deflagrei um incidente diplomático.

Depois de muito bate-boca, a cônsul do Japão no Rio de Janeiro saiu-se com um aterrorizante declaração, muito mais lusitana do que nipônica: "Eu vai dar visto, nô. Mas você nô vai entrar no Japão!"

Não havia mais nada a fazer. Fui até o consulado e peguei meu passaporte com o - segundo a cônsul - inútil carimbo.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Impressões de uma viagem ao Japão - parte 1

Prólogo

Desde criança tinha muita vontade de conhecer o Japão. Meu pai, filho de sírio-libaneses foi criado no meio da colônia japonesa, no interior do Paraná. Ele começou a jogar beisebol com os pequenos nisseis. Levou a sério e chegou a capitão da seleção brasileira, tendo jogado os Jogos Panamericanos de Chigago (1959) e São Paulo (1963) Meu pai era o único Gaijin (estrangeiro) de todos os times em que jogou. Assimilou fortemente a cultura japonesa, fala bem e me levou pra comer sashimi na Liberdade, em São Paulo, quando eu tinha uns sete anos de idade e ninguém, em sã consciência admitia comer peixe cru.

Depois, na quinta-série, havia uma menina japonesa linda na minha sala. Eu era apaixonado por ela. Uns anos depois, já adolescente, consegui convencê-la a sair comigo e acabei levando-a até minha casa. Nervoso, dei um beijo nela. Liguei a vitrola e peguei o LP do David Bowie. Faixa 2, China Girl. Ela não achou a menor graça. Eram os anos 80 e eu só ia comer uma japonesa uma década depois...

Assim, quando meu primo Marcio Aith foi ser o correspondente da Folha de São Paulo em Tokyo, houve a oportunidade tão esperada de conhecer a terra do sol nascente. Embarquei em janeiro de 1999 para uma estada de 20 dias em Tokyo e Kyoto.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Japão


A partir de amanhã vou escrever um pouco sobre minha viagem ao Japão, em 1999.

Primeiro estudo de uma rota para a Ásia - parte 2

Prosseguindo pelo continente asiático:

16/07 - Pequim
17/07 - Pequim
17/07 - Pequim
19/07 - Pequim
20/07 - Pequim
21/07 - Pequim - Xangai
22/07 - Xangai
23/07 - Xangai
24/07 - Xangai
25/07 - Xangai
26/07 - Xangai - Tokyo
27/07 - Tokyo
28/07 - Tokyo
29/07 - Tokyo
30/07 - Tokyo
31/07 - Tokyo