sexta-feira, 6 de março de 2009

Da Paraíba para o mundo

Em 2003 eu fui conhecer a cidade onde eu nasci: Campina Grande, Paraíba.

Nasci lá por acaso, em 1970. Meu pai e minha mãe tinham casado há pouco tempo e ele, engenheiro, foi transferido para Campina Grande, para a construção de uma estrada unindo várias pequenas cidades do Brejo Paraibano. Aí eu nasci, a estrada ficou pronta poucos meses depois, e fomos para Manaus, onde meu bravo pai foi trabalhar na Transamazônica, a estrada que leva o nada a lugar nenhum. Era a época do milagre brasileiro, quando a ditadura fez várias obras Brasil afora. Muitos filhos de engenheiros e de milicos passaram pelo mesmo que eu, nasceram em algum inóspito recanto do país e ficaram pingando de cidade em cidade pelos anos 70, sem ter qualquer laço cultural ou de parentesco com a terra natal.

Quando eu vim morar no Rio, em 1977, depois de passar por Manaus, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo, descobri que "paraíba" era um xingamento, pelo menos na escola burguesa e nojenta onde me colocaram. Meu irmão mais novo me chantageava: "se você me bater eu vou contar na escola que você é paraíba". Eu pensava que, com tanto lugar no mundo, era muito azar ter nascido logo na Paraíba.

O tempo passou e eu comecei a achar legal ser paraibano. Nem preciso dizer que fiquei amigo de um monte de porteiros e garçons. Cheguei a ganhar algumas apostas de gente que não acreditava que um descendente de árabes, com 1,86 metros e mais de 100 quilos pudesse ser natural da Serra da Borborema.

Havia porém uma lacuna, eu não conhecia a minha cidade natal.

Em 2003 eu ganhei um prêmio da Petrobras para fazer um vídeo de cinco minutos. O meu projeto era simples. Munido de uma pequena câmera de vídeo eu desembarquei em Campina Grande sem ter ninguém me esperando no aeroporto, sem reserva de hotel, praticamente sem nenhuma informação prévia sobre o que iria encontrar, a não ser o que eu havia coletado em uma breve entrevista com meus pais, realizada uma semana antes da partida.
Na ocasião eu perguntei para eles porque tinham ido morar em Campina Grande, qual o hospital onde eu havia nascido, quem era o médico que fez o meu parto e onde era a casa que a gente morava.
Munido dessas informações pescadas no fundo da memória de minha mãe e meu pai, 33 anos depois desembarquei em Campina Grande para uma estada de seis dias.



Quando voltei da Paraíba fiz o curta de cinco minutos para a Petrobras, já sabendo que o material gravado na viagem (17 horas ao todo) renderia um produto maior. Comecei então o processo de editar um longa-metragem.

Esta semana recebi uma boa notícia, ganhamos o edital do OI Futuro para finalização e lançamento do filme.
"O Paraíba" terá sua estréia ainda este ano.

De certa forma o processo de realização deste trabalho serviu como ponto de partida para que eu elaborasse e formatasse essa viagem de volta ao mundo.
Uma viagem solitária onde a documentação do dia a dia funde-se com aspectos psicológicos a partir da própria experiência pessoal de realizar a viagem em si.

Ah, sei lá...

16 comentários:

  1. então,

    quer dizer que sua viagem de volta ao mundo começou em campina grande...

    no mínimo, inusitado.

    a sua cara,
    (apesar da supresa de saber que vc é paraibano!)

    confere com a sua naturalidade, não com seu tamanho,

    bjsss

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  2. Príncipe das Paraíbas, você é genial!

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  3. UHU, pulei por vc quando vi!
    Tá vendo como a cabeça puxa o resto? Campina grande já ficou muito pequena, viva o paraíba!
    CLAP, CLAP,CLAP!!

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  4. A origem da espécie!!!
    Amei esse dado novo e surpreendente. Bem que achava vc diferente... rsrsrs
    Bjs,

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  5. Samir amado, sabia de suas andanças, mas nunca desconfiei de sua procedência! Bela postagem. Parabéns pela verba, aguardo curiosa para assistir seu filme.
    bjs
    Dri
    ps- morri de saudades de blogar, acabei de retomar o perdida...

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  6. nossa, que barato samir!! parabéns!!
    e viva a gloriosa paraíba!!

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  7. Olá, Samir! Por um acaso do destino, estou eu aqui muito arretada(lê-se chateada), procurando imagens de Tipógrafos do ano de 1810, e achei seu blog. Não tem nada a ver, sei, mas vá entender o Google, né? O que me chamou a atenção foi sua ida à Campina Grande, que por acaso me irmã (Pernambucana como eu), mora. Sei que gostou da terrinha e irá gostar ainda mais de Pernambuco e João Pessoa. Parabéns pelo blog e pelas viagens!

    Xero!! Oriana Gonçalves Gomes

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  8. Precoceito idiota das pessoas
    Eu tenho orgulho de ser Campinense,Paraibana e Nordestina !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  9. esse é o melhor lugar do mundo!!!
    sou paraibano um cabra do ovo rocho.

    Att Nildo

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  10. gostaria muito de ver novamante o filme inteiro..sou carioca e sou casada c/ um paraibano de campina grande e queria mostra o fime p/ ele só consegui ver uma vez no canal brasil.

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  11. Oi onde posso visualizar esse video? sou PARAIBANA de Campia Grande más moro em São LUIS MA UM BARAÇO.

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  12. Parabéns, uma bela história, apesar de ser de Campina Grande, ainda não ví esse filme... abraço Jorge

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  13. Bela história!! Também sou natural de Campina Grande e tenho muito orgulho dessa cidade que só cresce, que exibe para o mundo inteiro cultura, premiações nacionais e internacionais, que exporta tecnologia, e faz parte de um estado que também só exporta coisas boas, como artistas, grandes cantores e renomados escritores que engrandecem a nossa Paraíba. Infelizmente ainda existem pessoas preconceituosas e mal informadas que denigrem a nossa imagem e se acham melhores do que o Norte e Nordeste, e até do restante do Brasil. Mas aos poucos estamos mostrando o nosso valor e fazendo a diferença nesse país que ainda tem muito o que melhorar e reconhecer que cultura não é rebolar o traseiro ou tagarelar sons irritantes que chamam de música. Então parabéns pelo trabalho e pela iniciativa de mostrar o que existe de bom em nosso Brasil e por esse mundo afora!!!

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