quarta-feira, 3 de junho de 2009

Impressões de uma viagem ao Japão - parte 2

Um pequeno incidente diplomático:

Pouco mais de um mês antes da data da partida entrei com um pedido de visto junto ao consulado japonês do Rio de Janeiro. O visto padrão para o Japão é para apenas uma entrada e tem duração máxima de 90 dias. Como pretendia também visitar algum outro país asiático e posteriormente retornar à Tokyo, acabei solicitando um visto para duas entradas. O tempo foi passando, a data da viagem aproximando-se e nada do visto. A funcionária do consulado sempre falava ao telefone comigo que, "tá esperano resuposta Gaimusho!" O Gaimusho é o ministério das relações exteriores do Japão.

Ressabiado, liguei para meu primo em Tokyo, que cantou a bola sugerindo que eu garantisse logo o visto simples já que "a burocracia japonesa é foda." Ele também me informou que era possível, mesmo com o visto simples, sair e retornar ao Japão por um prazo máximo de três dias.
Faltava pouco mais de uma semana para o embarque. Liguei pro consulado e falei que uma vez que o Gaimusho nunca respondia, eu desistia do visto múltiplo e pegaria logo o comum. A funcionária falou que não havia nenhum problema em proceder dessa forma, mas que valia a pena eu esperar mais uns dias.
Pois bem, na manhã da quinta-feira, o7 de janeiro de 1999, data de meu vôo para Tokyo, a japa do consulado falou que não iam me dar visto algum. Tive um ataque e comecei a esbravejar, exigindo falar diretamente com a cônsul. A cônsul veio ao telefone e disse que, uma vez que a resposta do Gaimusho ainda não havia saído, ela não podia me dar nenhum visto. Putaço, quase deflagrei um incidente diplomático.

Depois de muito bate-boca, a cônsul do Japão no Rio de Janeiro saiu-se com um aterrorizante declaração, muito mais lusitana do que nipônica: "Eu vai dar visto, nô. Mas você nô vai entrar no Japão!"

Não havia mais nada a fazer. Fui até o consulado e peguei meu passaporte com o - segundo a cônsul - inútil carimbo.

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